DireitosReservados

DireitosReservados
☆poemasEleonoraMarinoDuarte☆edição&arteWalkyriaSuleiman☆

10 de jan. de 2013

Coral










As palavras de amor precisam de eco,
Um nome que se diz é matriz de outro
Se amam os pares, nomeados amantes.

Um nome dito sem par é concha aberta
Perdida no fundo do mar das cobertas,
Alfa triste, signo que não existe sem Beta.

Ao dizer teu nome, quero ouvir de volta
Com flores como escolta, o meu nome,
Do contrário, a palavra da boca se perdeu.

Se um nome aninha-se na palma do peito
Envolto nas sedas fitas de nobres carícias
É ideal que em teu peito, o meu esteja igual.

Se não há no espaço o eco de meu nome,
Todas as vezes que teu nome por mim é dito,
Não é bendito o risco reto do Pronome Pessoal.












foto:LarissaDare

22 de dez. de 2012

Tristesse

















































Um pranto escorreu pelas curvas da luz
no reflexo da aurora do adeus prematuro.
Foi dia antes de o dia estar todo pronto!

Os olhos, o rosto, as mãos, as veias
foram valas para a tão funda tristeza
da parda manhã, maculada ao nascer.

Uma fome sem gosto, um rosto sem boca,
tudo foi de outro jeito e no peito oco, seco,
agora deserto, desolado, teu nome foi riscado.






foto: LarissaDare, da série Melancholia

7 de dez. de 2012

Desintoxição



























O próximo Milênio me trará o próximo amor!
Seremos próximos em nossos próximos corpos
aprimorando o próximo sexo, a próxima Estação.

Não nos aproximaremos da mentira, da dor,
da traição. Seguiremos próximos da verdade,
aproximaremos nossas mãos, nossas bocas,

Repartiremos as próximas refeições, a água,
o vinho, o pão. Seremos serenos e íntimos,
amantes, amigos, irmãos, cúmplices sinceros,

Compactuados em vida, amor, paz e união.
andaremos próximos das estrelas, brilho raro,
soltos como anjos leves, aninhados na perfeição.






30 de nov. de 2012

Despejo






Sou só
lida
solidão

Imposta
como porta
posta

Ou cadeado
ao
portão

Arquitecto
secreto
refúgio

Aquieto
duro o
coração

Concreta
mente
findo, fujo


Saio
da casa
de nós

Secreta
mente
ainda sonho:

espero
sóis





foto: MárciaBorlengui da série Cadeiras Itinerantes

24 de nov. de 2012

Afronta










Acabou-se o amor no mundo!
Sei por minha própria conta
na pontada que dói fundo,
no rumo que o coração aponta…

Desfeitas as pérolas das conchas
ignoradas as rimas e liras febris
separadas as mãos dantes atadas
vestidos os que estiveram nus.

Fim. Finda finalmente a quimera
que fez da Lua difusa musa de luz
explodindo em flor na Primavera,
o que sentia Madalena por Jesus…

Existiu! Quem amou, sentiu,
se não te aconteceu, esquece,
finge que não sabe, não viu,
toda chama, se abafada, perece…











16 de nov. de 2012

Queen


















Na sombra que gravita na Lua
lado negado, delegado à Lilith,
eu engravido sem gravidade
das gralhas que rirão de ti!

Grades, dentes, garras, presas,
as promessas, falas perversas,
são para mim tolas fortalezas
nas portas de tuas incertezas…

Homem de todos os Tempos
não fazes diferença para mim,
sou a que salta entre mundos
a que se despe em nuas peles

Abro a borboleta negra, visceral,
que adere fundo em teus poros
anoitecendo sem a cela da culpa
no crepúsculo do prazer carnal!





foto: LarissaDare

1 de jun. de 2012

Decomposta


A mulher que fui
está morta
pelas preliminares

Definitivo desmaio
de um Maio
no Hotel Residence...

A mulher está morta
No Hotel Tudor,
talvez em um Outubro.

Matou-se na sede
do mar, no mês
sem vez de salvamento...

Vestígios do litígio
afogados
nos beijos na boca,

Jaz perdida nas salinas
das lágrimas
pendidas do seu corpo

o coração à frio não pulsa,
ele e ela
mais de quarenta vezes juntos

ou duas, já nada me lembro
da mulher
que fui, morta de espera.....






foto: MarianaTeixeira - Still do curta-metragem "Velar",  de NanaRibeiro

15 de mai. de 2012

Descaso


























Aponto um horizonte
sem linhas, desponta,
desaponta meu futuro.

Sobra-me da luz, réstia,
fulgura a figura, resta
gravura seca na cruz...

Salivo vontades, língua,
linguagem à mingua
sorvo o fel de calar.







foto: MarianaTeixeira - Still do curta-metragem "Velar",  de NanaRibeiro

4 de mai. de 2012

Solidão





Somos patéticas paredes
em nossa crua colmeia
na urbana casa murada,

Urubus sobre os telhados
como gárgulas a zelar
a miséria tão humana!

Escondo-me, esconde-te,
encapsulados, empilhados,
filtrados por interfones...

Sobre mim, todo o mundo,
dentro de mim, ninguém.
Fossem de vidro as paredes...

Toco de concreto, tijolos,
só há nudez na argamassa
miolo da minha intimidade,

Não te vejo, não te sei,
nem tu me sabes, sei.
Fadadas almas separadas,

Empoleirados no pombal,
habituados com a cidade,
desabitados do sentimento,

Isolados, desabituamos...
Salva-nos a vidraça
nos instantes da janela.






foto: MarianaTeixeira - Still do curta-metragem "Velar",  de NanaRibeiro

12 de abr. de 2012

Séfira












Toda dor se acaba
em virada inversão

A saída é chegada
na volta ao portão

Não conta tempo
reter sentimento

Solidão é a utopia
de estrada vazia

córrego em temporal
é só chuva e lamaçal

De tudo o que pensas
somadas só as crenças

Não sobra nada
água estagnada.

















foto: DanielSuleiman

26 de mar. de 2012

Milímetro










Exibo íntima sessão,
cinema cinestésico
para aqui relembrar-te,

Uma película tão carnal
de orgasmos, rasgos,
deixa estragos à pele…

A tela é cela sentimental
o teu rosto, o teu sexo,
meu séquito de desejos,

Na última cena nossa
ignoro toda a memória,
você não parte, beija…

Então gozo, comemoro,
imploro: Deixa-me afogar
em tuas águas leitosas...


















foto: MarianaTeixeira  -  Still do curta-metragem "Velar", de NanaRibeiro

10 de mar. de 2012

Kali


























Sou um drástico planeta,
o cometa que se suicidou
na tentação da luz definitiva!

Por uma fala furtiva de Deus
pulsei na vaga da lua sem lei
dilacerando coisas ao calar.

Amar nunca valeu a pena,
minha alma, fora de cena,
volta ao pó que do pó eu sei.











foto: CatharinaSuleimanJustSmoke3